Em nossa matéria especial do Dia Internacional da Mulher não podemos deixar passar em branco um nome do ciclismo feminino que todos os ciclistas devem conhecer. Alfonsina Strada, mais conhecida como The Devil in a Dress (Diabo de saiote) é um nome de superação e ousadia nunca antes visto no ciclismo, principalmente pela época em que viveu.

Alfonsina Morini nasceu na Itália em 1891, filha de camponeses aprendeu a pedalar na velha bicicleta de seu pai aos 11 anos e o esporte a acompanhou pela vida toda. Aproximadamente aos 14 anos Alfonsina já participava de corridas escondida de seus pais dizendo-lhes que ia a missa.

Quando os pais de Alfonsina descobriram, sua mãe, disse que se ela quisesse manter esta vida ela teria de se casar e sair de casa. E então aos 24 anos, Alfonsina se casou com um mecânico de bicicletas, Luigi Strada, (ironia no nome) e se mudou para Milão. De presente de casamento pediu uma nova bicicleta, que ele deu prontamente e de quebra foi seu treinador e incentivador a continuar no esporte.

Em 1911, Alfonsina estabeleceu o novo recorde mundial de velocidade da mulher, batendo o recorde da francesa Louise Roger e o mantendo por vários anos.

Alfonsina estava completamente imersa no universo competitivo do ciclismo de estrada. Competiu duas vezes na famosa prova Giro da Lombardia. Inscrita inicialmente com o nome “Strada, Alfonsin”, em 1924 Alfonsina foi autorizada a participar do Giro d’Italia, pelos diretores da La Gazzeta dello Sport, e foi nesta prova que ganhou seu apelido Diabo de saia. O Giro de 1924 constituía uma prova duríssima mesmo para os homens, com 12 etapas e uma kilometragem total de 3.613 kms. Como naquele tempo os ciclistas não tinham equipe de apoio, e era quase uma prova de sobrevivência, Alfonsina acabou terminando algumas etapas com algumas horas de atraso e assim foi excluída da classificação geral, continuando a prova sem contar seu tempo, mas finalizando-as, chamando bastante atenção do publico e ganhando vários torcedores. Acredita-se que sua saída deve-se ao machismo e extrema desigualdade de direitos entre homens e mulheres existente na época, pois era difícil de aceitar uma mulher correndo contra homens e até deixando alguns para trás.

Mesmo sem contagem de tempo para a classificação geral, Alfonsina bravamente esteve entre os trinta ciclistas que foram capazes de completar o Giro d’Itália naquele ano. Depois disso apesar de se aposentar das competições, nunca abandonou o mundo do ciclismo. Após ficar viúva, em 1950 casou-se com um ciclista aposentado, Carlos Messori e abriram uma bicicletaria e oficina. Após a morte do segundo marido, continuou tomando conta da loja e oficina de bicicletas.


Sua luta contra o machismo da época e sua paixão por pedalar é conhecida mundialmente no ciclismo. Alfonsina faleceu em 1959, e em sua lápide existe uma bicicleta de bronze para eternizar a sua coragem, audácia e pioneirismo.

Revisado e editado por Carol Rombauer.

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