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A evolução das Mountain Bikes – 2000 a 2003

Desde o início do MTB no final dos anos 80 as bicicletas estão em constante evolução e aperfeiçoamento para nos dar mais conforto e melhor desempenho. Menos peso, mais durabilidade, segurança, suspensões, freios a disco, enfim uma vasta gama de melhorias que foram adicionadas as magrelas. Dentre essas as mais importantes aconteceram a partir dos anos 2000, então foi deste ano que comecei minha pesquisa.

Hoje em 2018 vivemos um tempo em que temos quase tudo a nossa disposição, mas é interessante lembrar como tudo começou. Elaborei, portanto um artigo que conteria as mais relevantes mudanças nos materiais e peças para as Mountain Bikes de 2000 a 2018. Este por sua vez ficou muito extenso e dividi o conteúdo em três partes. É pessoal, tem muita coisa que mudou de lá pra cá.  Ficou dividido assim: 2000 a 2003, 2004 a 2009 e 2010 a 2018.

Aqui vai a primeira parte! Aguarde e fique de olho no aqui no site e páginas das mídias sociais da Pedal Power para ver o conteúdo completo.

2000 a 2003

Esse período foi marcado pela aparição das primeiras bikes full suspension, eficientes para cross country. As hardtails ainda eram onipresentes e acreditava-se na sua superioridade no XC. Mas a busca por conforto e controle ganhava força entre os amadores.

Quadro – Modelos full suspension começam a ganhar força como alternativa viável, utilizando cursos de 75 a 100 mm. Tubos em alumínio evoluíam quanto à manipulação do formato e variação de espessura. Eram fabricados em ligas comprovadas, como a 6061 T6 e 7005 e também em ligas novas como a Metal Matrix, que combinava alumínio com elementos cerâmicos em modelos mais sofisticados. A fibra de carbono ganhava força nas hardtails e evoluía para as full suspension.

Garfo – A RockShox SID referência para o XC desde seu lançamento, em 1998, tinha hastes de 28 mm de diâmetro, espiga somente em alumínio de 63 a 80mm de curso e canelas com pivôs para v-brakes e suportes para freio a disco.

Freio – Os v-brakes ainda eram maioria mas os discos começavam a aparecer.

Transmissão – 3×9 (27 velocidades), acionados por Sram Grip Shift ou gatilhos Shimano Rapid Fire. A Ritchey promovia o 2×9, mencionando a vantagem de menos redundância de relações, menos peso e mais simplicidade. Mas a combinação reduzida não funcionava para todos.

Sistema de pedivelas/movimento central – Ainda em três peças, já com interface Octalink ou ISIS Drive com o eixo.

Câmbio traseiro – Shimano XT e XTR reinavam, mas foram fortemente ameaçados pelo novo Sram X.0, lançado em 2002.

Pedais – Shimano SPD 747 / Time ATAC. Lançamento dos pedais Egg Beater (Crankbrothers) em 2001. Pouquíssima gente usava os alternativos Speedplay Frog.

Componentes – O alumínio prevalecia no canote, espiga, guidão, pedivelas e bar ends. O titânio ganhou popularidade para uso em canotes e guidões, pela resistência, leveza e capacidade de flexionar sem quebrar, oferecendo conforto. Ainda asssim começavam a surgir os primeiros canotes e guidões em carbono (Titec, Easton, Syncros). A maioria dos guidões era plano, com largura variando entre 560 e 600 mm, sempre com um par de bar end nas pontas – tanto é que a Shimano oferecia trocadores remotos de marcha para serem fixados neles!

Rodas – Já haviam núcleos isolados testando rodas com 29 polegadas, mas as de 26” era o padrão, sempre com aros em alumínio, raios em inox e laterais de frenagem usinadas em CNC ou revestidas em cerâmica.

Pneus – Cravos baixos e largura de 1.9 polegadas, com câmaras de alta performance em látex. Em 2001 foi lançado o sistema UST Tubeless, e fabricantes como a Michelin e Hutchinson foram os primeiros a oferecer modelos com a tecnologia. O surgimento do primeiro pneu 700×47/52 (algo como 29x 1.9/2.0) fabricado pela WTB fomentou a evolução das bikes com rodas 29”.

 

 

O grupo Shimano XTR reinou absoluto desde sua introdução,
no início dos anos 1990, até o início dos anos 2000.
O padrão era transmissão com 27 velocidades (3×9)
e pedivelas em 3 peças (sem eixo integrado).

 

 

 

Santa Cruz Superlight 2002, com quadro em alumínio. Uma das primeiras full leves e eficientes para XC.

Trek 9.9 (modelo 2000), em carbono OCLV e com kit de peças padrão top, para a época.

RockShox SID SL 2001, com trava na coroa e mola pneumática Dual Air. Leve mas estruturalmente flexível, era o melhor garfo de suspensão para XC na época. A trava permitia ter um garfo bloqueado ou macio, conforme o terreno e situação, algo que antes não era possível.

Notem que, apesar de ter as fixações para disco, ele ainda era compatível com V-Brakes, comprovando uma certa resistência aos discos pelos contadores de gramas. Cannondale Raven com o garfo Lefty. O modelo construído com um exoesqueleto em alumínio e o restante da estrutura formado por grandes  “conchas” em carbono revolucionou o visual das bikes. Era a evolução da plataforma Super V, um dos designs  que se transformou em “marca registrada” da empresa americana nos anos 90.

A Sram desafiou a soberania da Shimano em 2002 ao introduzir o câmbio traseiro X.0. Além do visual, leveza e construção diferenciados, funcionava sem alavancagem, ou seja, a cada 1 mm de movimento do cabo, ele se movia 1 mm,o que aumentava a tolerância a pequenos desvios e mantinha a regulagem por muito mais tempo.

Protótipo dos pedais Eggbeater, da Crankbrothers, em 2000. O pedal revolucionou com seu formato minimalista, encaixe nos quatro lados e evacuação de lama imbatível.

Um pouco antes da virada do século, a mídia especializada publicou um artigo sobre a relação entre ciclismo e disfunção erétil. Um médico modificou o selim do seu triciclo e apresentou alguns protótipos a jornalistas.

Ao saber disso, o fundador da Specialized lhe solicitou o desenvolvimento de uma linha de selins para a marca. Os selins Body Geometry mudaram para sempre esse ponto de contato tão importante, influenciando toda a indústria.O primeiro guidão em carbono realmente confiável FOI O Easton Monkey Lite, que só era fabricado com as pontas elevadas (riser bar) e centro com 25,4 mm, o padrão da época. A largura tinha 100 mm a menos que o padrão atual, ou seja, meros 610 mm.

Evolução dos eixos do movimento central no sistema de 3 peças: dos primeiros “quadrados” e chanfrados, com centro de 17 mm, aos cilíndricos com estrias largas (oito no Shimano Octalink e dez no sistema ISIS) e centro de 19 mm. a busca por interfaces mais confiáveis e eficientes foi motivada pela solicitação maior das Mountain Bikes.

Essa é uma das primeiras 29 “modernas” da marca Wilits e fabricada pelo pequeno construtor de quadros norte americano Wes Williams. Foi apresentada na Feira Interbike de 2000 em Las Vegas.

Abaixo os primeiros pneus dedicados as rodas 29. Foram produzidos pela WTB e se tornaram o grande incentivo que os construtores precisavam para dar forma as experiencias com rodas maiores.

Gary Fisher já vinha experimentando rodas 29 desde o final dos anos 90. Em 2001 ele apresentou sua primeira 29 de produção própria. Foi graças à parceria com a fabricante de suspensões Marzocchi, que desenvolveu um garfo de suspensão para os rodões, que ele conseguiu disponibilizar uma HT na sua oferta inicial que consistia de 2 modelos que estão abaixo.

Viu só? Como disse no início do post, muita coisa mudou de lá pra cá e ainda tem chão. Gostou da nossa máquina do tempo? Então não perca a retrospectiva completa, nos siga no facebook e instagram e saiba em primeira mão quando o conteúdo quentinho sair.

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