Neste post passamos algumas dicas para garantir um bom desempenho dos seus freios a disco, componente importantíssimo para uma pedalada segura e divertida. Não entraremos na mecânica mais profunda do sistema (desmontagem de pinças, manetes e sangria), pois achamos melhor deixar isso para os profissionais da oficina Pedal Power.

ENTENDA, CONSERVE E TIRE O MÁXIMO PROVEITO DELES

Sugerimos que, além das dicas mencionadas nessa matéria, que você realize entre uma e duas revisões completas por ano, conforme a frequência e condições de utilização. Nesta revisão, certifique-se que seja feita a desmontagem completa dos manetes e pinças, para limpeza, inspeção, troca de reparos, lubrificação e, consequentemente, reposição do fluído adequado e sangria do sistema.

FERRAMENTAS PARA CUIDAR DOS SEUS FREIOS

  • Chaves Allen, 3 mm e 5 mm;
  • Chaves Torx, 10 e 25;
  • Álcool isopropílico ou Disc Brake Cleaner;
  • Lixa 100;
  • Toalha de papel;
  • Espaçador de pistões e pastilhas ou uma espátula de sacar pneu

O SISTEMA E SUAS PARTES

  • Manete;
  • Corpo do manete/cilindro mestre;
  • Ajuste de alcance;
  • Ajuste do ponto de contato;
  • Parafuso de sangria – manete;
  • Linha hidráulica;
  • Pinça ou cáliper;
  • Conexão tipo banjo;
  • Parafuso de fixação das pastilhas;
  • Pastilhas;
  • Rotor

REGRAS DE OURO

Rotores e pastilhas NUNCA devem ter contato com nenhum tipo de óleo, fluído, oleosidade da pele ou sabão. Ao lavar sua bike, cubra as pinças com um saco plástico e vede com elástico ou as remova. Os discos devem ser desengordurados com álcool isopropílico ou produto Brake Cleaner após lavagem e ainda antes de usar a bike. Dependendo do nível de contaminação das pastilhas, será necessário trocá-las, para restabelecer o desempenho dos freios.

Os freios devem ser dimensionados de acordo com o peso do conjunto bike/ciclista, relevo enfrentado e tama­nho das rodas. A escolha do tamanho dos rotores e potência das pinças deve sempre ser proporcional a estes itens. Ao determinar os componentes, se es­colher rotores de tamanhos distintos, o maior sempre vai na roda dianteira (consulte o manual do seu garfo para saber o limite de diâmetro do rotor que ele suporta). Isso é muito importante para os “contadores de gramas”, que muitas vezes equipam suas bikes com freios e rotores levíssimos, dimensionados para um ciclista de peso médio de até 75 ou 80 quilos, enquanto seu próprio peso, equipado, ultrapassa os 90 quilos.

Cheque os rotores. Se houverem man­chas escuras entre a pista de frenagem e as hastes centrais, eles estão superaque­cendo, e devem ser trocados por outros de diâmetro maior, em caso de uso frequente em descidas íngremes.

FLUÍDO DOT :

Utilizado em freios Formula, Sram, Avid e Hayes, é altamente
corrosivo, e por isso deve ser removido imediatamente de
superfícies pintadas. Para isso, utilize álcool ou água com sabão
neutro e um pano.

FLUÍDO MINERAL :

Mesmo que o seu freio indique o uso de fluído mineral, saiba que o fluído
utilizado em modelos Shimano é diferente dos modelos Magura,
que é específico. Utilizar o fluído inadequado irá causar mau funcionamento e necessidade de substituição de reparos internos.
Por isso certifique-se que a oficina de sua preferência está apta a cuidar corretamente do seu sistema.

DIFERENÇAS ENTRE PASTILHAS:

Não escolha as pastilhas baseando-se somente no preço. Preste atenção na qualidade, originalidade, compatibilidade, composição e especificidade das mesmas.

Para ajudar na escolha da reposição, conheça as diferenças:

PASTILHAS DE METAL SINTERIZADO (METÁLICAS)

São fabricadas a partir de um pó metálico, ligado por uma combinação de calor e pressão. O composto de atrito das pastilhas contém diferentes componentes metálicos (cobre, bronze, ferro).

PRÓS:

  • Mais duráveis;
  • Suportam temperaturas mais elevadas e, consequentemente, mantêm o desempenho diante de situações de maior exigência (longas descidas, por exemplo);
  • Maior durabilidade em condições adversas, como lama e areia úmida.

CONTRAS:

  • O amaciamento leva mais tempo, ou seja, demora mais para ter 100% do seu desempenho após a instalação;
  • São mais ruidosas e ásperas no funcionamento;
  • A pegada inicial não é tão positiva quanto a orgânica ou semimetálica, devido à maior dureza do material;
  • Transferem mais calor para as pinças, aquecendo o fluído. Isso pode afetar o desempenho de alguns freios que trabalham com óleo mineral.

PASTILHAS SEMIMETÁLICAS

Combinando diferentes fibras orgânicas, inorgânicas e resina fenólica como liga, estas pastilhas foram criadas para oferecer o melhor de dois mundos: pegada, modulação e redução de ruído similar ao das orgânicas.

PRÓS:

  • Boa pegada inicial e facilidade de amaciamento.
  • Capacidade de suportar temperaturas mais elevadas e, consequentemente, evitar a redução de potência em situações
    de maior demanda;
  • Menor tendência a fazer barulho;
  • Maior durabilidade do que as orgânicas, mas menor do que as sinterizadas (metálicas).

CONTRAS:

  • Pode desgastar rapidamente em condições muito extremas, mesmo com a adição de metal no composto;
  • Tendem a “vidrar”, o que requer trabalho (lixar a superfície) para recuperar o desempenho
  • Menor desempenho em temperaturas muito altas

PASTILHAS ORGÂNICAS OU DE RESINA

São fabricadas com a combinação de fibras orgânicas (aramida, PAN etc.) e inorgânicas (vidro, fibra de carbono), aglutinadas com o uso de resina fenólica. A placa traseira é geralmente em aço ou alumínio, caso dos modelos mais leves, para XC.

PRÓS:

  • Boa pegada inicial, suavidade na frenagem e amaciamento rápido;
  • Menor tendência a fazer barulho;
  • Transferem menos calor para as pinças de freio, evitando o superaquecimento do fluído.

CONTRAS:

  • Pode desgastar rapidamente em condições muito extremas (lama ou areia úmida);
  • Tendem a “vidrar”, o que requer trabalho (lixar a superfície) para recuperar o desempenho;
  • Menor desempenho em temperaturas muito altas – o temido “brake fade” ou fadiga do sistema de frenagem.

TECNOLOGIA SHIMANO ICE TECH

Reduzir a temperatura do sistema de frenagem durante o uso garante a consistência de desempenho em longos períodos de frenagem. O conjunto de rotores fabricados em alumínio, com o revestimento externo em aço inox e pastilhas com a placa base em alumínio com extensões aletadas, dissipa melhor o calor e reduz em aproximadamente 100ºC a temperatura operacional. Para sistemas com maior solicitação, a marca ainda oferece rotores Freeza, conexões banjo da linha hidráulica mais longos e pistões de cerâmica, recursos que aumentam ainda mais a dispersão e isolamento do calor no fluído e pastilhas.

TROCA DAS PASTILHAS

  1. Remova as pastilhas desgastadas;
  2. Insira um espaçador de pistões ou empurre os pistões com cuidado, utilizando uma espátula para remover pneus. Certifique-se que eles se retraíram até o limite, que geralmente é rente ao corpo da pinça. Aproveite para limpar a área, utilizando álcool isopropílico ou Brake Cleaner;
  3. Instale as pastilhas novas, assegurando de não tocar a superfície de atrito com os dedos e contaminá-las. Instale o espaçador de pastilhas (sempre certificando-se que está limpo e livre de oleosidade). Se não tiver o espaçador original, pode usar de outra marca, pois a espessura dos rotores de disco é padronizada, em torno de 1,8 mm;
  4. Se as pastilhas se moverem após a remoção do espaçador ou houver atrito entre elas e o disco ao instalar a roda, mesmo com a pinça centrada corretamente, uma possível solução é a remoção de fluído do
    sistema. Isso pode ser identificado através de manetes com pouco curso para acionamento;
  5. Nesse caso, para liberar o excesso de fluído, nivele a bike e gire o manete do sistema a ser corrigido de maneira que esse fique perpendicular ao solo (freios Sram e Avid) ou a 45 graus, se freios Shimano. A ideia é que o orifício de sangria esteja no ponto mais alto do sistema, especialmente em relação à mangueira hidráulica conectada ao manete;
  6. Coloque um pano em torno do parafuso de sangria, para absorver o fluído que sairá do orifício. Não é necessário remover o parafuso, apenas solte meia volta, até liberar o excesso de fluído. Em seguida, aperte o parafuso que sela o orifício, sem apertar demais para não danificar a vedação. Limpe qualquer vestígio de fluído com álcool isopropílico e cheque o curso do manete e se as pastilhas
    ainda tocam o rotor. Se necessário, repita a operação. Se o rotor não estiver empenado e a pinça devidamente centrada (veja item a seguir), sua roda deve girar livremente.

CENTRAR A PINÇA

Um dos procedimentos necessários para que a roda gire livre sem atrito do freio quando não acionado é a centragem da pinça em relação ao rotor.

O procedimento é simples

  1. Solte os parafusos de fixação da pinça. Não os remova;
  2. Aperte o manete do freio que quer ajustar como se fosse travar a roda;
  3. Mantendo o manete apertado, como se estivesse freando a roda, aperte os parafusos de fixação da pinça;
  4. Teste e veja se a roda gira livre sem contato das pastilhas no disco.
  5. Caso haja contato, verifique se o rotor está empenado. Se não estiver, faça mais uma tentativa de centralização, soltando os parafusos de fixação apenas ¼ de volta ou o suficiente para que você consiga mover a pinça com a mão – mas desta vez sem apertar o manete de freio – e centrar o disco entre as pastilhas. Este processo requer boa análise visual (luz e fundo claro, para enxergar o espaço entre a pastilha e o rotor) e um pouco de paciência para obter um bom resultado;
  6. Se nem assim a roda gira sem contato das pastilhas no disco, pode ser que os pistões estejam emperrando, necessitando que sejam limpos e sejam lubrificados, além de testar a equalização de atuação dos mesmos. Mas isso é matéria para a segunda parte deste post, onde veremos como limpar e lubrificar os pistões, alinhamento do rotor e freios a disco mecânicos.
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