Daniel AlipertiGuru do Pedal

10 dicas básicas para MTB

Para quem curte as magrelas das montanhas mas ainda é novo no esporte, ou até para os mais experientes. Seguem 10 dicas valiosas escritas por Daniel Aliperti para você começar com tudo ou evoluir cada vez mais seus pedais de trilha.

1 . Aprenda a técnica antes de aumen­tar a velocidade e libere o caminho para os mais rápidos 

Hoje, é muito comum ver bikers fortíssimos(as) nas subidas e planos, mas que reduzem a velocidade drasticamente quando chegam nos trechos técnicos. E por serem competitivos, ao perceberem que estão atrapalhando quem tem mais habilidade, insistem em não abrir passagem, pois não admitem ficar para trás em uma situação que claramente estão em desvantagem. Como estão todos na trilha para se divertir, seja morro acima ou morro abaixo, devemos ter consideração e abrir passagem. O prejuízo de tempo é desprezível, mas o ganho de boas vibrações é enorme! Existem escolas que ensinam técnicas de pilotagem em São Paulo e Minas Gerais. Tente encontrar uma que seja mais conveniente e deixe de ser um(a) “rolha” de trilha.

2. Cortesia e preferências na trilha

Uma das seis regras da IMBA (International Mountain Bicycling Association ) é dar a preferência corretamente e procurar avisar ou­tros usuários da sua presença. Em trechos com visão bloqueada, para evitar colisões ou acidentes, fale “bike” em voz alta algumas vezes ou soe uma campainha ou apito. Animais montados e pedestres têm preferência sobre ciclistas. Portanto, ao cruzar com algum, pare e espere que passe, para de­pois prosseguir. Biker subindo tem preferência sobre quem está descendo, e o correto é parar e deixar quem está escalando continuar sem interrupção, a menos que a trilha tenha um sentido pré-determinado.

3. Visão aguçada

Leia a trilha o tempo todo, mantendo o foco a 2 ou 3 metros de distância, antecipando o que pode prejudicar sua fluidez (mudan­ças de direção, raízes, valetas, saliências, pedras etc.). Assim, você tem tempo ade­quado de reação, mantém a marcha cor­reta para pedalar na cadência e velocidade ideais e preserva sua energia para manter o embalo à medida que o terreno complica ou o relevo se altera. A bike tende a ir para onde estamos olhando, por isso não olhe para onde não quer ir.

4. Giro ideal

Quando começar uma descida teste a relação de marcha em que se encontra para saber se está condizente com a velocidade e, assim, evitar pedalar em falso ao retomar o movimento nos pe­dais, o que pode gerar descontrole e perda de embalo.

5. Trabalhe a força

Assim, você poderá manter uma relação mais longa nos mo­mentos e trechos que demandam aceleração e o embalo. Para situa­ções como uma subida curta, saídas de curvas, disputas em finais de subida ou entradas de rampas ou degraus, onde girar muito os pedais sem obter a velocidade e embalo necessários não permitirá concluir o trecho com sucesso.

6. Aprenda a manter o embalo

É uma ação que requer prática e boa intimidade com a relação de marchas, para vencer obstáculos de toda a sorte – como tops ín­gremes e sucessivos, transposição de vale­tas, raízes ou troncos e pequenos saltos – e economizar energia. Antecipar a troca de marcha é muito importante para não ficar com a relação leve ou pesado demais na hora de manter a velocidade ou vencer o relevo à frente.

7. Treine a distribuição de peso

Visa manter a tração ou estabilidade e conse­guir vencer obstáculos difíceis. É um treino­ que deve ser feito paralelamente ao exercício de conhecimento das relações de marchas e seus efeitos. A regra básica é: à medida que o relevo se torna muito íngreme, seu peso deve ser proporcio­nalmente transferido para a frente da bike.

Nessa situação, o selim é um limitante e a flexão do tronco e dos braços é fundamen­tal para manter a estabilidade e a direção. Praticando, irá perceber o ponto certo e sa­berá ajustar o limite, pois peso demais na frente afeta a tração na roda traseira. Já na descida é justamente o contrário: quanto mais íngreme, maior a necessidade de des­locar o seu peso para trás – em algumas situações tocar o pneu traseiro é o limite! Outros itens devem ser observados, como o formato e ângulo do selim, para facilitar a mobilidade e sustentar pedaladas na ponta, quando necessário; e o comprimento da mesa, que se for muito longa, não permite ir para trás o suficiente.

8. Planeje a rota

Estude o caminho com antecedência. Se você já conhece a trilha, procure memorizar cada trecho para definir a velocidade e postura a tomar. No caso de uma trilha nova, procure estudar o mapa, altimetria etc. Levante o máximo de informações sobre o local para saber dosar o ritmo, a comida e chegar bem.

9. Ajuste o ritmo ao gradiente e exten­são da subida

É comum ver ciclistas en­trando com tudo numa subida e esgotarem sua energia um quilômetro depois, quando o final ainda está a 3 km de distância. O ideal é sempre começar mais devagar do que o seu corpo permite, e ir acessando a energia e dosando o ritmo progressivamente. Deixe sempre um pouco no “tanque” para o final. Quem queima todos os cartuchos logo no começo, fica sem munição para o fim do desafio! Isso vale para qualquer subida. Portanto, ajuste o ritmo para 500 metros ou 10 km. Conhecer a altimetria ou obter informações com outros ciclistas é a chave para um bom resultado.

10. Pedais paralelos e a aplicação de pressão neles

Na des­cida, em curvas e em trechos de single track, mante­nha os pedais na posição paralela ao solo (posição do relógio equivalente a 3 ou 9 horas), para evitar que o pedal colida com obstáculos e para lhe ajudar a sair do selim e se movi­mentar com mais facilidade. Em trechos com inclinação negativa (off-camber) e nas curvas, é importante testar e aprender onde colocar pressão nos pedais para manter a boa tração dos pneus. Para quem já esquiou, surfou ou andou de skate, a aplicação da força para manter a tração é semelhante, apenas com os pés e mãos em locais diferentes, mas o conceito é bem parecido.

Agora que você já tem essas preciosas dicas, pegue sua bike, seu capacete, chame os amigos, leve essas dicas para trilha e bom pedal!


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